Atual

Nota
Realidade mostra a falácia de subir juro para combater inflação de alimentos

Auditoria Cidadã da Dívida

A recente queda nos preços da carne, café e laranja no Brasil, causada pelas tarifas de Trump, expõe a verdadeira raiz da inflação de alimentos: a priorização das exportações. O episódio desmonta a narrativa do Banco Central acerca da “demanda superaquecida”, usada para elevar a Selic. A isenção fiscal para commodities, como na Lei Kandir, direciona a produção para o mercado externo, reduzindo a oferta interna e encarecendo os alimentos. A política de juros altos se revela uma ferramenta ilegítima que enriquece uma minoria à custa da população e explode a dívida pública.

A luta contra a escala 6 × 1 e a busca por superar a marginalidade da esquerda socialista
Santiago Marimbondo

A luta contra a escala 6 × 1 emergiu como um movimento espontâneo da classe trabalhadora, demonstrando o potencial de pautas classistas para mobilizar setores subalternos e romper com a marginalidade da esquerda socialista. Apesar de sua rápida difusão nas redes sociais e da simpatia popular, o movimento enfrentou limites estruturais, como a burocratização e a cooptação por partidos institucionais. Este ensaio reflete a respeito das contradições desse processo e debate os desafios de transformar o impulso virtual em organização real, apontando caminhos para superar o sectarismo e construir uma frente classista combativa.

A maior fake news da história e o combate às contrarreformas: a privatização da previdência
José Menezes Gomes

A privatização da previdência, longe de ser uma solução, revela-se um mecanismo perverso que submete o futuro dos trabalhadores à volatilidade do capital financeiro, aprofunda a exploração de classe e destrói a solidariedade intergeracional, escancarando a transformação do Estado em um mero gestor da barbárie social.

O investimento em IA: um castelo de cartas do capital fictício?
Michael Roberts

A IA é a nova fronteira do capital fictício: um castelo de cartas sustentado por otimismo algorítmico e gastos exorbitantes, mas com fundamentos econômicos frágeis. Enquanto a produtividade estagna e os lucros das big techs desaceleram, a promessa de uma superinteligência transformadora parece mais mito do que realidade.

Índia e Paquistão, um conflito de alcance mundial
Achin Vanaik

O conflito entre Índia e Paquistão, marcado por décadas de tensões nucleares e disputas territoriais, segue um padrão único na história pós-1945. Enquanto mediações externas já contiveram crises, a intensificação recente do conflito sob o governo de Narendra — incluindo a revogação do artigo 370 e respostas militares agressivas a ataques transfronteiriços — amplifica riscos de guerra convencional e até nuclear. A marginalização do povo da Caxemira e o nacionalismo exacerbado em ambos os lados alimentam um ciclo perigoso, exigindo diálogo urgente e respeito à autodeterminação para evitar uma catástrofe.

Gastos bélicos no atual ciclo imperialista
José Raimundo Trindade

A perpetuação do complexo industrial-militar não só drena recursos vitais da sociedade, mas perpetua um ciclo vicioso de violência e dominação, no qual a paz é sacrificada no altar do lucro e do poder.

Do controle à coerção: crise demográfica e retorno da natalidade em tempos de guerra
Orazio Di Mauro

Em um contexto de guerra permanente, em que a prioridade estratégica é a disponibilidade de corpos férteis e combatentes, formas de identidade e comportamento sexual que escapam à lógica binária reprodutiva são vistos como estruturalmente adversos.

Quando os trabalhadores brecam, o capital é quem freia: a “bagunça” classista dos entregadores contra a iFood
Renato Assad

Enquanto a iFood brinda com champanhe, os entregadores acendem o fogo da luta. O churrasco na porta do evento iFood Move, em agosto de 2025 em São Paulo, não foi só protesto: foi a materialização da resistência de uma classe que sabe que nenhum direito foi dado, todos foram arrancados. E o próximo capítulo dessa história será escrito nas ruas, não nos palcos dos exploradores.

“A união faz a força”: a luta dos entregadores da Blinkit
Anjali Chauhan

Em janeiro de 2024, trabalhadores da Blinkit em Nova Délhi reagiram a cortes salariais abruptos com uma greve organizada pelo sindicato akeu. A empresa respondeu com intimidação, violência e falsas acusações, incluindo a detenção ilegal de um entregador. A mobilização coletiva forçou sua libertação, expondo a repressão corporativa e a resistência operária. Desde 2023, a Blinkit reduz sistematicamente remunerações, eliminando benefícios e pressionando trabalhadores a aceitarem condições precárias. O sindicato amplificou a luta, unindo entregadores de outras plataformas e viralizando protestos nas redes. Suas demandas incluem salário mínimo, direitos trabalhistas e proteção contra demissões arbitrárias, desafiando a exploração na economia de plataformas.

A Nova Rota da Seda no norte da África, uma análise crítica
Oussama Dhiab

Nos debates acerca da Nova Rota da Seda da China na África, a hipótese da cooperação mútua costuma ser questionada, bem como o soft power chinês no continente africano, sobretudo depois da Primavera Árabe. Questionam-se as assimetrias nas parcerias, os déficits comerciais, a limitada geração de empregos e a pouca transferência de tecnologia, desafiando o discurso de ganho mútuo. Para muitos, os países africanos devem reforçar sua agência para evitar dependência e garantir que os acordos com a China atendam aos interesses de desenvolvimento da África.

Ditadura Civil-Militar, a transição e a resistência dos trabalhadores da educação básica no Brasil
Carlos Bauer

Durante a Ditadura Civil-Militar, entre 1964 e 1985, e a transição democrática, sindicatos e associações de professores da educação básica pública transformaram-se em pilares de resistência docente, superando pautas corporativas para articular lutas por democracia e direitos sociais. Em meio à repressão, entidades promoveram greves históricas — como as de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo —, enfrentando violência estatal. Sua mobilização impulsionou a campanha das Diretas Já e assegurou importantes conquistas na Constituição de 1988, como a gestão democrática das escolas e a destinação mínima de recursos para a educação — no caso da União, nunca inferior a 18%, e, para os estados, municípios e o Distrito Federal, pelo menos 25% da receita oriunda de impostos, incluindo as transferências, voltados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. Essas organizações reafirmaram a educação como libertação, transformando escolas em trincheiras de esperança e legando um projeto de sociedade baseado na justiça social e na luta pela escola pública.

Crise capitalista e irracionalismo geopolítico: algumas reflexões a partir das eleições presidenciais romenas de 2025
Ana Bazac

Nas eleições presidenciais romenas de 2025, o candidato de direita, George Simion, aproveitou o discurso de paz com a Rússia de Călin Georgescu, mas sua incoerência e extremismo limitaram seu apoio. Nicușor Dan venceu, consolidando o alinhamento da Romênia com a União Europeia e a política bélica e imperialista, apesar do descontentamento popular com a militarização e a erosão democrática. A polarização reflete a crise do capitalismo, com a direita surgindo como falsa alternativa, enquanto a esquerda permanece ausente. O resultado reforça a dominação das classes dominantes pró-guerra, aprofundando divisões e sacrificando a justiça social por interesses geopolíticos.

Trilha sonora para um golpe de Estado: os espiões também gostam do jazz
Serge Katembera

Desde o início da colonização pelos belgas, a história do Congo parece se repetir: a exploração e o genocídio de sua população; o saque dos recursos naturais; o assassinato de líderes políticos… Em Soundtrack to a Coup d’Etat, o cineasta belga Johan Grimonprez reconstrói a história da independência do Congo e do assassinato de Patrice Lumumba usando o jazz como recurso narrativo. Um dos melhores documentários políticos a respeito do tema, Soundtrack utiliza a história para chamar a atenção para as novas encruzilhadas políticas dos congoleses, e de toda a humanidade, na atual corrida por recursos naturais, como urânio, coltan, cobre, cobalto, terras raras, dos quais o Congo é rico, e por isso, paga com golpes de Estado e genocídios.

A última, mas não menos complexa, aventura do trotskismo em Cuba. Parte 1
Frank García-Hernández

Depois da Revolução Cubana, em 1959, o trotskismo organizou-se no POR-T, reconhecido pela Quarta Internacional em 1961, atuando como uma ala ultraesquerdista, com membros como Gustavo Fraga e Pablo Díaz, os quais participaram da luta armada contra Fulgencio Batista. Com a consolidação revolucionária, só o M-26-7, o DR-13-M e o PSP permaneceram como partidos formais, enquanto o POR-T manteve-se como oposição até sua dissolução em 1965, antes da formação do PCC. A Quarta Internacional, fragmentada depois da morte de Stálin, dividiu-se entre os seguidores de Michel Pablo, que defendiam a subordinação aos partidos comunistas, e o Comitê Internacional, com Juan Posadas liderando a vertente latino-americana. O POR-T, apesar de usar recursos legais para existir, foi marginalizado pelo PSP, refletindo as tensões entre revolução e institucionalização.

O verdadeiro herói da “Grande Guerra Patriótica”. Parte 2
Sungur Savran

O ensaio discute a importância do povo soviético como o verdadeiro herói da Segunda Guerra Mundial, ou Grande Guerra Patriótica, destacando o sacrifício coletivo em vez de figuras individuais. Enfatiza a resistência, união e determinação dos cidadãos comuns, soldados e trabalhadores que garantiram a vitória contra a Alemanha nazista e reflete acerca da narrativa histórica que celebra a bravura do povo, em contraste com a glorificação de líderes políticos ou militares, sobretudo aqueles que, por falta de previsão, deixaram a União Soviética e seus operários e camponeses à mercê da barbárie nazista.

Resenha

Daniel Bensaïd, Paixão Karl Marx: os hieróglifos da modernidade. Trad. de Alda Souza et al. Apres. de Michael Löwy. Pref. de Francisco Louçã. Fortaleza: Plebeu Gabinete de Leitura, 2024. 208 pp., 29 × 24,5 cm. ISBN 978-65-87771-05-2

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