Crítica Socialista, n. 5, set./out. 2025

Publicação em 31 de outubro de 2025.

Nota
Abaixo os planos imperialistas em Gaza e as colaborações regionais com eles!

DİP

Nota política do DİP, Devrimci İşçi Partisi, ou Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a respeito do plano apresentado por Trump e Netanyahu para o fim da guerra e do genocídio em Gaza.

Nota
Com a Palestina, agora e até a liberdade

Savas Michael-Matsas

Nota política de Savas Michael-Matsas a respeito do armistício para o conflito e o genocídio em Gaza.

Manifesto
Apresentação da Luta Operária

Manifesto de apresentação da Luta Operária, organização política fundada em 2022 e que visa ajudar na organização da luta política e econômica dos operários do Brasil.

Governo Lula 3 e a consolidação do Golpe de 2016. Parte 1
David Maciel

Estaria o terceiro governo Lula consolidando a agenda política e econômica do Golpe de 2016? Apesar da retórica de oposição ao legado de Temer e Bolsonaro, o governo Lula 3 adota, na prática, uma política de continuísmo neoliberal, materializada no Novo Arcabouço Fiscal, na manutenção da Contrarreforma Trabalhista e na submissão aos interesses do rentismo. A ampliação da frente política para incluir setores do Centrão, e até bolsonaristas “pragmáticos”, teria como contrapartida o abandono de reformas progressistas e o contingenciamento das lutas sociais. Em vez de estabilizar o regime, a Realpolitik de Lula 3 enfraquece suas bases populares e abre espaço para a reorganização da extrema-direita.

O golpismo no Brasil: da Noite da Agonia ao Oito de Janeiro
Luís Sérgio Canário

A condenação de Bolsonaro é um marco inédito, mas não o epílogo. A história ensina que o golpismo é um instrumento sempre disponível para as classes dominantes, e a vigilância é o preço permanente da frágil democracia brasileira.

Protestos no Nepal, uma revolução interrompida
Sushovan Dhar

Quando o Nepal se tornou uma república, em 2008, despertaram-se esperanças de transformações estruturais naquela sociedade. A incapacidade dos partidos de esquerda do Nepal em corresponder a essas esperanças criou um clima de descontentamento entre os jovens, que explodiu em setembro deste ano.

Nepal, o fracasso da renovação stalinista e maoista e as tentativas do hindutva e do imperialismo
Kunal Chattopadhyay

Por meio de uma perspectiva marxista e revolucionária, Kunal Chattopadhyay examina a crise política no Nepal, argumentando que os partidos comunistas no poder, tanto stalinistas quanto maoistas, traíram os ideais socialistas ao se integrarem ao parlamentarismo burguês. Demonstra-se como a sucessão de governos “comunistas” perpetuou corrupção, desemprego e dependência imperialista, gerando a insurreição da geração Z. Apesar dos riscos de cooptação pela direita hindu e pelo imperialismo estadunidense, o ensaio defende que a esquerda deve se engajar com a rebelião popular, rejeitando saídas institucionais e construindo uma alternativa baseada na organização independente das classes trabalhadoras.

América Latina, alvo da ofensiva neocolonial de Trump
Ana Cristina Carvalhaes • Luis Bonilla-Molina

A ampliação da política imperialista e intervencionista do governo Trump na América Latina tem três alvos prioritários: México, Brasil e Venezuela. Por meio de ameaças comerciais, ingerência política e pressão militar, o imperialismo estadunidense busca reafirmar seu domínio sobre a região. Examina-se como o México enfrenta chantagens fronteiriças e comerciais, o Brasil sofre retaliações por defender sua democracia, e a Venezuela vive sob iminente ameaça de intervenção militar da US Navy. Essa ofensiva neofascista do império do norte encontra resistências diferenciadas em cada país. Alerta-se para o risco de uma ditadura militar na Venezuela sob a tutela dos Estados Unidos. A reflexão expõe a fragilidade dos governos diante da agressividade de Trump e a necessidade de respostas não só soberanas, mas que defendam e mobilizem politicamente as classes trabalhadoras.

O Prêmio Nobel da Paz de 2025, para além do desconcerto
Luis Bonilla-Molina

A concessão do Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado compõe uma estratégia do soft power imperialista, inserindo-a na histórica instrumentalização do prêmio para fins geopolíticos. No atual contexto, visa-se consolidar um projeto burguês de realinhamento neoliberal e iliberal na Venezuela, em sintonia com os interesses dos Estados Unidos. O ensaio expõe as contradições do madurismo e defende a construção de um anti-imperialismo classista, alertando que a polarização entre os projetos burgueses impede uma saída soberana e popular para a crise estrutural do país.

A queda de Dina Boluarte: vitória parcial das demandas populares no Peru
Sebastián Sarapura Rivas

A destituição de Dina Boluarte da presidência do Peru é resultado da mobilização popular contra a incapacidade do Estado, mas sua queda também reflete um cálculo eleitoral dos partidos burgueses do país. A nomeação de José Jerí, figura sob investigação por corrupção, para presidir o governo de transição expõe a podridão das instituições nacionais. As soluções institucionais não atendem às demandas populares. Logo, não há atalhos políticos para os dilemas sociais, exceto a mobilização das classes trabalhadoras e a luta pelo socialismo.

Notícias de Cuba
Frank García-Hernández

Destaques de setembro de 2025 do blog ComunistasCuba.org.

Organizar para avançar: solidariedade e adaptação contra a economia global das plataformas digitais
Kriangsak Teerakowitkajorn

Diante da precarização e do controle algorítmico, os desafios e as estratégias de organização dos trabalhadores de plataformas digitais na Ásia são gigantescos e protestos pontuais são insuficientes para transformações substanciais. A mudança duradoura exige uma organização profunda [deep organising], que priorize a construção de bases sólidas, a liderança dos próprios trabalhadores e a solidariedade internacional. Só com esse engajamento de base será possível enfrentar o poder global das plataformas e conquistar direitos fundamentais para as classes trabalhadoras.

A linguagem do Terceiro Reich no século XXI
Savas Michael-Matsas

Embora publicado em 1947, o Linguagem do Terceiro Reich, de Victor Klemperer, permanece atual, sobretudo em um contexto de reemergência dos fascismos e de genocídios. Em apresentação realizada no lançamento da tradução grega do livro de Klemperer, Savas Michael-Matsas articula a análise do filólogo judeu-alemão acerca da linguagem fascista com a linguagem utilizada por Estados e meios de comunicação na atual guerra e genocídio em Gaza, demonstrando como mecanismos discursivos nazistas ressurgem na contemporaneidade. A desumanização do povo palestino por meio da linguagem espelha a lógica analisada por Klemperer, em que a pobreza lexical serve para reduzir seres humanos a “alvos” ou “danos colaterais”. A reflexão conecta o conceito de banalidade do mal ao genocídio em curso, mostrando como a vulgarização verbal precede e acompanha a barbárie.

Arqueologia marxista, guerra e a questão nacional: a arqueologia no Oriente Médio como política por outros meios
Ianir Milevski

Desde sua profissionalização, no século XIX, arqueologia tem sido instrumentalizada para justificar opressões nacionais e projetos colonialistas. A partir de uma perspectiva marxista, Ianir Milevski demonstra que a disciplina esteve intrinsecamente ligada à expansão do capitalismo e a conflitos imperialistas. O ensaio propõe um programa de defesa da arqueologia baseado no materialismo histórico, argumentando que só uma perspectiva socialista e internacionalista pode proteger o patrimônio cultural da barbárie capitalista.

Além do Termidor: o marxismo em oposição à contrarrevolução burocrática
Sankha Subhra Biswas

Exame da distinção crucial entre o projeto comunista original e a deformação burocrática do stalinismo. Argumenta que a equação entre ambos resulta de uma leitura histórica reducionista e que ignora tanto o contexto da degeneração soviética — guerra civil, isolamento político e atraso econômico — quanto as críticas internas ao autoritarismo, como as de Trótski, Luxemburg e Gramsci. Defende que o potencial emancipatório do comunismo permanece válido, desde que confrontado com suas contradições históricas e reinterpretado à luz de novos desafios.

Diário da Flotilha Global Sumud
Magno de Carvalho

Neste diário da Flotilha Global Sumud, Magno de Carvalho, tripulante do Sirius, relata a travessia pelo Mediterrâneo de ativistas para entregar ajuda humanitária à população de Gaza. O relato narra as dificuldades mecânicas, logísticas, as ameaças e os ataques de Israel à flotilha, mas também a convicção de que se luta por uma causa justa e humanitária urgente: o fim da guerra e do genocídio em Gaza, o fim do imperialismo e do capitalismo, o direito dos Palestinos de viverem em paz e em seu país.

Resenha

Deusdete Negarestani [Anderson Leite], Do modernismo ao bolsonarismo: cem anos de uma fantasia desfeita. Curitiba: Kotter, 2024. 144 pp. ISBN 978-65-5361-328-7

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